domingo, 29 de agosto de 2010

A realidade

Dessa vez, venho aqui, não com um texto bonito.
Mas com os sentimentos que me tomam.
Sentimentos não tão nobres.
Eu em busca de uma nova gatinha, conheci o Blog Gataria da Vila, e de lá fui parando em outros tantos blogs.
Li as historias que são contadas neles
Chorei em muitas delas.
Talvez não pela historia em si.
Mas por sentir que aquilo era um pouquinho minha culpa.
Não eu nunca abandonei um animal, nem deixei que ele desse crias.
Mas não fazer nada me torna também culpada.
Ficar sentada, pensando no que posso fazer, não ajuda ninguém.
Tenho um amor por animais, que ultrapassa qualquer coisa.
Adiar ajudar esses animais me torna tão culpada quanto quem os abandonou.
Afinal, eu os estou abandonando também.
Me sinto, neste momento, o próprio lixo humano em decomposição.
Passa, eu sei. Mas antes que passe, preciso fazer alguma coisa para mudar isso.
Só não sei o que.
Mas algo eu farei.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Cafeteria

Ela sentou-se numa pequena mesa a esquerda do caixa, da cafeteria com o livro em uma das mãos e a caneca de café quente na outra.
Não tirava os olhos do livro.
Não que ele fosse realmente interessante. Na verdade apesar das excelentes criticas que lera a respeito dele, tinha desgostado de cada parte. Talvez a primeira página a tivesse atraido. Mas com certeza todas as outras a entediavam.
Lia o tal livro na esperança de termina-lo logo, era quase uma obrigação. Nao havia no mundo, pelo menos nao no seu mundo, livro que ela houvesse começado e não terminado.
Enquanto segurava o livro com a mão esquerda, mexia vagarosamente a colher dentro da xicara com a outra mão.
Sentiu um pequeno arrepio.
Um ohar sobre ela.
Levantou a cabeça e procurou quem a olhava. Percorreu com olhar, toda a extensão da cafeteria.
Não achou.
Um casal logo a frente dela, discutia se deveriam comer ali ou em qualquer outro lugar.
A direita, uma mulher falava ao celular, e dava a mamadeira para uma criança ao mesmo tempo.
Na fila do caixa, pessoas apressadas. Mas ninguém que realmente a olhava.
Ela raramente era notada, em lugares como aquele. Não era de chamar muita atenção, nunca. E em locais como aquela pequena cafeteria realmente não deveria ser diferente.
O olhar que sentiu sobre ela, devia ser coisa da sua cabeça.
Abaixou a cabeça e voltou a ler o livro mais comprido que já lera.
Ela só havia esquecido de olhar a sua esquerda.
Se tivesse olhado, talvez tivesse cruzado com o olhar carinhoso dele. E talvez ele tivesse coragem de perguntar-lhe o que ela achava daquele livro (ele já o havia lido). E talvez houvesse uma resposta, e uma conversa. E talvez a vida dos dois seria diferente.
Mas ela ignorou aquilo que estava bem a sua esquerda, podia nao estar bem a sua frente, mas estava ali, do seu lado esquerdo pertinho do coração.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

***Curtinha

Cada sentimento tem sua cor.

Eu tenho por você tantas cores desconexas.

Que ligam meu mundo aoa teu.

Ligam nossos dedos entrelaçados.

Na distância de um amor não começado.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ela

Ela tinha 22 anos.
Não era menina, nem mulher.
Já havia passado a fase de acreditar em princípes.
Não queria amor eterno.
Cansou-se de amor fraterno, também.
Desejava não um amor pra vida inteira.
Mas um amor pra noite inteira.
No fundo, queria um pouco mais do que uma noite.
E um pouco menos do que uma vida.
Não era preciso que houvessem juras, nem flores.
Era bem resolvida, e não era ciumenta.
Tinha seu próprio dinheiro, e carro.
Queria só alguem pra abraçar no meio da noite.
Um abraço conhecido.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

***Moço dos olhos de abalone

Teu braços me envolvem na noite.
Teu cheiro me enebria.
Teu beijo me doma.
Me perco em seus abraços.
E me acho em teus carinhos.
Teu peito me acolhe como se lá fosse meu lugar.
Teu sorriso puxa o meu.
Você deitado ao meu lado.
Me dá um beijo leve.
Daqueles de carinho.
Sem intenção de paixão nenhuma.
É o suficiente para me fazer estremecer.
Você sussura para mim.
"Ich liebe dich".
Eu finjo dormir.
Apesar do sorriso que insiste em me habitar.
Uma brisa me derruba.
Te leva para longe de mim.
Eu acordo no meio da cama.
Sozinha.
Perdida entre lençois e travesseiros.
Um sonho.
Era só um sonho.
Você se foi novamente.
Te espero amanhã a noite.

sábado, 21 de agosto de 2010

***Fingir demência

Ele descobriu.
Descobriu meus textos.
Meus sentimentos frágeis.
Minha alma exposta.
E minha cara lavada.
Ele não sabe, mas eu sei que ele descobriu.
E nessa me descobri.
Descobri em mim, uma grande atriz.
Que sorri, diante da piada mais perversa que o destino pôde me pregar.
Uma conversa natural.
Quase normal.
Quem olhasse ao longe acreditaria sermos apenas velhos amigos.
Mas ele é mais que isso.
E agora ele sabe.
Sabe de tudo.
Exatamente quem não podia me descobrir, descobriu!
Agora, o jeito é fingir demência, e continuar sorrindo.
Apesar do peito pulando de dor, vergonha e medo!